Sentados na área da pequena praia e parcialmente recompostos, Dag, Elina e Sahar começaram a conversar.
Dag olhou para Elina e perguntou como era o nome dela.
– Elina - respondeu a criança. – E o seu?
– Dag. E pelo que entendi, esse deve ser Sahar – apontou para o mal-humorado leão.
– Sim, ele mesmo. – Sorriu Elina. – Obrigada por tentar me salvar, mesmo que não tenha dado muito certo…
Dag corou:
– De nada – respondeu, meio sem jeito e já mudando de assunto - Então pequena Elina, o que a trás por essas bandas?
– Estou procurando alguém. Uma elfa, chamada Thea. – disse orgulhosa, a menina.
– Uma elfa? A vila dos elfos, pelo que sei, é mais para o sul…
– Sim, sim… eu sei. Viemos de lá. É onde eu moro. Essa elfa não mora lá, não é uma elfa da floresta. É uma elfa negra, estamos tentando descobrir onde ela mora…
Nesse momento, Sahar começou a acompanhar a conversa com mais atenção, desconfiado.
– Hmmmm… Isso explica suas roupas. É, obviamente, trabalho dos elfos da floresta. Mas por que vocês estão procurando essa elfa?
– Por que ela… - começou Elina, mas foi interrompida por Sahar:
– Por que ela tem um unicórnio e Elina quer conhecer um – atalhou bruscamente o leão e olhou para Elina, tentando que ela entendesse que ele não pretendia revelar o real objetivo da viagem deles.
Elina sorriu, ingenuamente e completou:
– É, quero conhecer um unicórnio. Além disso, ela sabe o caminho para a cidade perdida de Viss…
Sahar suspirou, frustrado, e pensou: Crianças! Mas era tarde, o humano já sabia o que eles estavam procurando e havia ficado bastante interessado.
– Viss? A lendária cidade perdida? Então é verdade que ela existiu, a história da guerra e tudo mais? Legal! – Dag ficou empolgado. – E o que vocês querem lá? Um tesouro?
– Um livro. – respondeu Elina
– Um livro? – Dag olhou com estranheza e decepção para a menina - Que sem graça… Vocês vão procurar uma cidade lendária perdida para buscar um livro? Que desperdício de tempo…
Nesse ponto, Sahar ficou indignado:
– E o que você entende, humano? Esse livro vai salvar vidas!
Dag ficou quieto. O leão irritado parecia realmente ameaçador….
Elina repreendeu-o:
– Para, Sahar! Você ‘tá muito chato! Ele não sabe sobre nossa viagem… e não tem obrigação de saber! Para de implicar com ele…
O grande leão murchou as orelhas, chateado e não disse mais nada.
Elina continuou:
– É verdade. O livro vai ajudar nosso curandeiro a curar algumas pessoas na vila, por isso pediram que eu fosse buscá-lo. – explicou a orgulhosa menina, enchendo o peito.
Dag ficou se perguntando por que os elfos da floresta haviam mandado uma criança, para uma tarefa evidentemente tão importante, mas não disse nada.
Elina aproveitou para perguntar:
– E você, Dag. O que está fazendo por aqui?
– Estou procurando unicórnios, mas não tenho tido muita sorte…
Sahar aproveitou para cutucá-lo:
– Esperto, humano… Eles não existem por aqui há muitos anos…
Elina lançou um olhar de repreensão para o leão, mas não disse nada. Depois se virou novamente para Dag:
– Ele tem razão, pelo que sei, eles não existem por aqui há muitos anos. Eu, por exemplo, nunca vi um…
Dag começou a se sentir frustrado:
– Parece que o taberneiro realmente mentiu. Deve ter dado boas risadas as minhas custas… – De repente, o rosto dele se iluminou, esperançoso – Quem sabe eu vou com vocês? Minha busca aqui acabou mesmo… Deve haver alguma coisa que valha a pena nessa cidade dos elfos… Posso?
Sahar resolveu interromper:
– Claro que não! Não vamos levar um humano querendo pilhar a cidade e pedir que a guardiã nos leve a ela!
– Quem está falando em pilhar? – protestou Dag – Só quero ver se tem alguma coisa que eles não queiram mais e eu possa vender. Não sou ladrão! Só estou tentando ganhar a vida…
Sahar ia abrir a boca para começar uma discussão, mas Elina foi mais rápida:
– Não vejo nada de mais, Sahar. Além do mais, já ouviu falar de ladrão que pede permissão para roubar? Admita: ele é um bom sujeito.
Sahar protestou entre dentes e Dag voltou a carga:
– Isso! E eu posso ser útil. Elina pode precisar de proteção.
Sahar bufou, contrariado:
– Estaríamos bem, se você não tivesse resolvido dar uma de herói…
Elina fez que não ouviu:
– Legal! Vamos juntos, então!
– Combinado – disse Dag – e com sorte, consigo alguma coisa para vender, na cidade.
– Isso, isso… Por isso que gosto dos humanos… - disse Sahar, levantando-se e se retirando – eles sempre sabem o que é importante… nós tentando salvar vidas e ele preocupado com as moedas que vai ganhar…
E com isso, os três se juntaram e começaram a andar juntos, rumo a Agenar.
(Anterior) - (Inicio) - (Próximo)
By Jim Bruno Goldberg