Elina e Sahar viajaram por várias horas e o sol já ia alto.
A menina e o leão conversavam alegremente sobre os mais diversos assuntos. Eles se conheciam a vida toda e o leão amava muito a inquieta menina. Eles conversaram sobre as mais diversas coisas: Fares, a vila, a busca, Sahar, as outras meninas e uma dezena de outros assuntos. Enquanto eles conversavam, uma a uma, foram deixando as grandes árvores da floresta dos elfos para trás.
As antigas e imensas árvores definiam os limites da grande floresta onde os elfos reinavam, e Elina nunca havia deixado estes limites. Elina perguntou a Sahar por onde eles deveriam começar e o leão sugeriu que eles fossem à cidade humana de Agenar, onde ele possuía um velho amigo humano que acreditava que poderia ajudar.
Sem que Elina percebesse, animada que estava com a conversa, o cenário foi ficando cada vez mais desconhecido e de repente eles chegaram sobre um pequeno barranco na beira de um córrego. Sahar subitamente parou. O barranco não era grande, talvez um metro, ou um metro e meio de altura, assim como rio, com não mais de 3 metros de largura.
Elina olhou a sua volta. Atrás, as grandes árvores dos elfos, onde viveu sua vida inteira e todo o mundo que ela conhecia, à frente, logo após o barranco, até onde a vista alcança, árvores menores e em grande variedade, um universo completamente desconhecido. Um calafrio passou por sua espinha e ela não pôde impedir uma exclamação, admirada que estava.
Sahar olhou para ela:
– Chegamos, Elina. Esse é o limite da floresta dos elfos. Daqui para diante, estamos em território dos humanos.
– Eu… eu nunca estive aqui… - murmurou a hesitante menina.
– Sim, criança, eu sei. Precisamos ter cuidado, daqui para frente. Os humanos são diferentes dos elfos e muitos povos circulam por aqui. Pessoas boas e pessoas não tão boas. Tem certeza que quer fazer isso?
Elina estava com medo. Nunca tinha ido tão longe da vila e só conhecia as histórias do mundo exterior dos bardos, que as contavam em dias de festa. Algumas eram lindas, com princesas e cavaleiros, outras assustadoras com morte e fome. Sobre os próprios humanos, conhecia alguns poucos que de vez em quando apareciam na vila, geralmente os mesmos. Sempre haviam sido muito gentis com ela e os elfos gostavam deles, mas lembrava de certa vez, quando um punhado deles havia chegado de madrugada, fazendo barulho e querendo brigar com todo mundo. Ela havia acordado com a confusão e havia ficado com muito medo, mas em pouco tempo, a guarda dos elfos o haviam dominado e levado para fora da floresta.
Tudo isso passou pela mente de Elina, naquele momento. Então, de repente, ela se lembrou do pedido de Sear e do quanto aquela busca era importante para o povo da vila. Com isso, ela venceu o seu medo, alinhou as costas e olhou decidida para Sahar:
– Tenho. Vamos ver o que tem daquele lado.
Sahar ficou impressionado com a firmeza na voz da menina e deu um passo a frente. Desceu o pequeno barranco e atravessou o rio, que sabia não ser fundo. Cada vez mais, ele estava admirado com a atitude da menina.
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By Jim Bruno Goldberg