Deixo para trás a vida que tivemos com um suspiro.
Quando penso no que passou, não tenho mais certeza que tenha sido eu.
Algumas sensações, alguns pensamentos atestam que talvez tenha sido, mas não tenho mais como ter certeza. Não sei porque a pessoa que fui agiu como agiu em vários momentos.
As pequenas coisas, o cheiro de nossos cachorros, o vento suave do parque, teu abraço me trazem lembranças. Mas são lembranças que não são minhas. São de outro alguém que não mais existe. É estranho, é como viver na pele de outra pessoa, que não sou mais eu.
Tudo que sonhávamos se perdeu no tempo, até mesmo o desejo que fosse diferente. Hoje é só um conhecimento frio, sem alma.
As vezes me pego pensando que gostaria de me sentir novamente como me sentia, então lembro o quanto sofri quando nossos planos não faziam mais parte do horizonte e concluo que assim é melhor, mesmo que inerte.
Um pequeno lampejo brilha e penso se tudo que possuíamos era verdadeiro. Eu sei que era. Então penso se como aconteceu uma vez, se não pode acontecer novamente. Minha lógica diz que sim, meu coração se apressa a esconder essa verdade para que a esperança nunca mais o machuque.
Acabou.
Os últimos reflexos deste dia vão se apagando e levando com ele as últimas coisas que eu podia chamar de nossas. Não é sem peso no coração, mas é preciso fechar o ciclo.
Meus olhos ficam sonolentos e sei que amanhã será um novo dia, com novos raios do sol. Estranho como pesar e alegria conseguem se misturar quando estamos entre o por do sol e o alvorecer.
By Jim Bruno Goldberg