Com o tempo, também entendi que relacionamentos precisam ser nutridos, que existem coisas importantes que só sobrevivem se reíprocas e manifestas
…e que mesmo as pessoas que amamos passam a ser desconhecidas se afastadas por tempo demais.
Entendi como te pesou minha inércia, minha dificuldade em viver uma vida mais leve e alegre, algo que tanto me fascinava em você
…exatamente por que era incapaz de ser assim.
Entendi que te perdi por não ter conseguido mudar
…e entendi o quanto o adeus foi necessário para não destruir quem amei.
Entendi que coisas tão simples para os outros: tirar um tempo para si, ter um hobby, comprar algo sem culpa, sentar tranquilamente e escutar uma música eram coisas que eu era absolutamente incapaz de fazer. E percebi o quanto está sendo difícil mudar. Mas lembro de ter feito estas coisas em outra vida, em outro lugar…
Entendi que não sei qual é o equilíbrio entre ser adulto responsável e ser uma pessoa que se permite viver. Também entendi ser essencial achar esse equilíbrio, não importa o quanto eu esteja longe dele.
Entendi que meu riso solto e minhas palhaçadas são sempre sobre os outros, e escondem essa solidão profunda que possuo na alma.
Entendi que somente o silêncio pode me ensinar a permitir que as pessoas se aproximem como algumas fizeram: ouviram o que sinto, apesar do barulho.
Entendi que nossos amigos gostam de nossa companhia porque alegramos suas vidas, e que não há nada de errado com isso… mas ainda me sinto traído quando eles se afastam por que estamos pesados e perdidos.
Eu estaria lá, por eles.
Entendi que esse nível de cinismo que cresce descontroladamente, só é concedido as pessoas velhas. E que a mesma experiência que me permite lidar com situações difíceis mantém no meu espírito não só as cicatrizes destas experiências, mas também feias feridas de guerra que talvez não fechem jamais.
Também entendi que fui injusto e te pedi demais quando achei que era madura o bastante para segurar toda essa carga comigo, quando eu mesmo não conhecia o peso delas.
Entendi que meu arrependimento não conserta o erro.
Entendi que minha vida não foi das mais difíceis, que tomei algumas boas decisões e que tive a maioria das coisas mais importantes que um jovem pode ter …mas que também não foi das mais fáceis, que mesmo em bons ambientes muita coisa pode dar errado. E que essas experiências forjam o adulto que nos tornamos, para o bem e para o mal.
Entendi que minha carga é somente minha, que preciso fechar minhas próprias feridas.
Também entendi que somente com elas cicatrizadas posso ser quem quero, e que estou muito mais longe que minha ignorância permitia que eu percebesse…
Agora parece mais clara a direção a seguir.
E estou decidido a continuar andando.
Eu tenho esperança de um dia chegar.
By Jim Bruno Goldberg